terça-feira, 26 de agosto de 2014

9 - Preparada para a guerra?



É muito interessante perceber que para ter o parto normal que tanto quero ter, tenho que estar preparada para uma guerra. Pelo menos essa é a sensação que eu tenho.

A primeira batalha já é encontrar um obstetra que respeite a sua decisão. Na saúde privada, quando você diz que quer um parto normal, o obstetra já olha pra você com cara de "Tá louca?" e se for no SUS aí uma série de problemas se desenrolam, desde o acompanhamento do pré-natal até a garantia de acompanhante na hora do parto e, no meu caso que tenho uma cesárea anterior, vira missão impossível
Ter um parto normal sem intervenções desnecessárias é coisa quase impossível tanto no SUS quanto na rede privada. 
 Ou seja, encontrar alguém em quem você confie é quase uma peregrinação e, após encontrar um obstetra que não descarte a possibilidade do que você quer logo de cara, temos que estar alertas em todo tempo para não deixar o sistema de nascimento de bebês em série nos engolir e sermos enganadas novamente. Para isso só tem uma solução INFORMAÇÃO. A nossa maior aliada para evitar que uma cesária desnecessária nos seja empurrada goela abaixo. 

Junto com toda essa informação vem também a nossa segunda batalha. Quanto mais a gente pesquisa, lê, estuda, mais a gente se depara com casos de violência obstétrica. Algumas vezes o pavor quer tomar conta da gente, outras vezes a revolta toma conta por nos sentirmos totalmente impotentes, e muitas vezes um misto de emoções toma conta.

Vem então a terceira batalha, as pessoas ao nosso redor. São amigos, familiares, as pessoas mais próximas, que se aproximam de você e de maneira consciente ou não, tentam minar a sua confiança. Quando você começa a divulgar a sua escolha de um parto domiciliar as pessoas olham para você como se você fosse um extraterrestre. Após essa olhada a pergunta que vem no automático logo em seguida é:

E você vai aguentar a dor? Porque parto normal dói demais!
Aí você olha pra figura e pergunta: Seu parto foi normal? A resposta quase sempre é NÃO. Se você não teve parto normal, como você sabe se dói ou não?
Que novidade é essa? Você também vai aderir a essa "modinha" é?
Porque agora querer parir de maneira natural, como nunca deveria ter deixado de ser, é moda.
Você é louca? Parir pra mim só perto de uma UTI, porque aconteceu um caso com fulana ou então com a vizinha de ciclana... (e sempre o caso é negativo e fatídico)

Aí vem a quarta peleja, contra o esteriótipo. Alguém definiu, vai se saber quem, que parir em casa ou querer parto normal é coisa de hippie, de rico, de irresponsável, de masoquista ou como eu vi no relato de um médico essa semana, coisa de xiita.
Eu também tinha em mente antes de começar toda essa minha busca, que parir em casa ou era pra gente rica, com toda uma estrutura preparada e ambulância parada na porta ou então pra galera hippie paz e amor (nada contra os hippies tá galera rsrsrsr), que faz meditação, etc. Na minha cabeça era totalmente possível ter uma parto normal, natural e humanizado em um hospital. Portanto, se era possível o que eu queria no hospital, com o plano de saúde pagando por tudo, porque não? Doce  ilusão.

Então, se você assim como eu, pretende exigir o seu direito de ter um parto natural e mais ainda domiciliar, esteja preparada. Há todo um movimento contra que teremos que vencer. 
Mas, existe uma palavrinha nova que aprendi nesse caminho, EMPODERAMENTO. Se estivermos empoderadas, bem informadas e certas do que queremos, nada poderá nos impedir. 








domingo, 24 de agosto de 2014

8 - Uma espera a menos


Com 11 semanas de gravidez fiz a ultra de translucência nucal (tudo normal) e a médica que fez a ultra tinha dado 85% de certeza de ser uma menina. A médica é muito boa e foi ela quem fez a minha 1ª ultra de Bia e disse que era menina, mas eu como sou muito desconfiada disse a Bia que ainda não era certeza e que era melhor esperarmos a próxima para confirmar.

Chegou o dia 22/08, já estou com 16 semanas de gravidez e podemos descobrir com certeza se é menino ou menina. Beatriz nem foi pra escola, estava ansiosa para saber se ganharia a tão sonhada irmanzinha. A espera na clínica já estava deixando ela inquieta.

A atendente anuncia, chegou a nossa vez, Beatriz abriu um sorriso e seguiu no colo do pai pra sala da ultra. Meu coração eu devo confessar estava quase saindo pela boca, seria a primeira vez que veria o meu bebê após a cirurgia e na minha cabeça tinha aquela duvidazinha chata "SERÁ QUE ESTÁ TUDO BEM?" será que a cirurgia prejudicou o meu bebê em algo? Mal podia esperar para ouvir o coraçãozinho batendo.

A ultra correu as mil maravilhas, o médico maravilhoso, uma paciência infinita, explicou tudo pra gente, mostrou o coração, o estômago, a bexiga, o movimento do sangue no cordão umbilical, aquela paciência para Bia ver tudo e então chegou a grande hora: Descobrir o sexo. As perninhas fechadas e então eu digo: Bebê colabora, dá uma mexidinha. Na mesma hora o médico diz já colaborou É UMA MENINA.

Bia explodiu em alegria, pediu logo para ligar para a bisavó para avisar a ela que era uma menininha. Mais uma princesa para enfeitar a nossa vida. E o melhor de tudo, estava muito bem. O peso, que era uma grande preocupação minha, estava normal (158g), havia ouvido um forte coração batendo e tive a certeza de que realmente uma etapa de muita preocupação havia acabado.

Ufa, consegui botar a história em dia. 
Vou sempre compartilhar aqui novidades da gravidez e também coisas interessantes que descobrir sobre o parto domiciliar. Pouco a pouco o meu conto de fadas vai ser contado para vocês, a medida que cada novo capítulo for escrito. 
Um grande beijo a todos!!!

7 - A conversa com a "minha" parteira



E chegou o grande dia, conhecer a parteira. 

A manhã passou rapidamente e quando menos esperei chegou a hora da conversa. Logo de cara nos demos muito bem. Ginny é uma pessoa altamente agradável. Como estava ainda me recuperando da cirurgia, estou na casa da minha avó e pra quem nos conhece a família é bem grande. 
Após vovó, ninguém mais pariu em casa então para todos essa minha "ideia" era uma grande novidade, todo mundo queria conhecer a parteira. Ginny reagiu super bem aquela 'multidão' ao redor dela. 
Conversamos bastante (2h30 de conversa) tinha passado a semana inteira pesquisando na internet e anotando minhas dúvidas, inundei Ginny com todas elas. Paulo também havia feito o dever de casa, estamos muito certos do que queremos mas, acima de tudo queremos garantir que tanto eu quanto o bebê estaremos bem.

Será que as minhas dúvidas são as mesmas que as suas? Vou enumerar os meus questionamentos iniciais.
  • VBAC (parto vaginal após cesária) - Quais os riscos reais? O que podia acontecer de pior?
Ginny me respondeu que o risco maior é de ruptura uterina, que pode acontecer em 0,5% dos casos, e caso isso acontecesse havia risco real de morte para mim e para o bebê, que precisaríamos correr para o hospital imediatamente. Ela também me explicou que por meu parto se tratar de um VBAC ela chegaria lá em casa com o trabalho de parto um pouco antes para podermos monitorar a mim e ao bebê e qualquer suspeita de ruptura iríamos logo para o hospital para reduzirmos os riscos. 
Para quem quiser maiores informações sobre VBAC acesse o blog http://partoaposcesarea.blogspot.com.br e para quem tem o inglês ou disposição para usar um tradutor http://www.bellybelly.com.au/birth/vbac-sabotage-is-your-doctor-really-vbac-friendly#.U_s5s8VdUrX
  • Qual o material para procedimentos de emergência estariam disponíveis em minha casa caso houvesse necessidade?
Não queremos correr riscos desnecessários então para mim isso era uma grande preocupação. Ginny leva com ela material para ressuscitação do bebê caso seja necessário e também caso haja hemorragia em mim ela também tem como lidar com isso. 
  • Monitoragem do bebê durante o trabalho de parto?
Durante o trabalho de parto, entre e durante as contrações, o batimento cardíaco do bebê será acompanhado para detecção de sofrimento fetal, caso haja necessidade.
  • Se houver necessidade, caso o bebê não respire direito sozinho, ela teria como aspirá-lo?
A resposta é sim, mas apenas se houver necessidade. Não é um procedimento de rotina como é feito erroneamente no hospital contrariando inclusive diretrizes da sociedade brasileira de pediatria ( fonte: http://www.uff.br/mmi/neonatologia/graduacao/internato/obrigatorio/capitulos%20essencial%20rn/capitulo%203.pdf). Protocolos da OMS e o programa Help Baby Breath não utiliza aspiração das vias profundas respiratórias, mas a utilização de seringa caso haja necessidade.
  • Existe necessidade de uma doula?
Ela me disse que seria melhor para mim e para ela a presença de uma doula para nos auxiliar na hora do parto e me passou alguns contatos de doulas que trabalham com ela.
  • Vitamina K
Por tudo que li, ainda não existe nenhum consenso a respeito desse assunto. Eu decidi que não quero abrir mão da vitamina K. Ginny disse que tudo bem e que veríamos ao longo do processo como providenciar isso.
  • Registro - Como fazer para registrar sem a declaração de nascido vivo? Sem o registro o bebê fica descoberto do plano de saúde e não pode ser vacinado, fazer teste do pezinho, essas coisas.
Por mais ridículo que isso possa parecer aqui em Natal esse problema ainda é uma realidade. A SESAP se recusa a fornecer as parteiras o bloco com a declaração. Mas Ginny nos informou que dá todo o suporte para o registro e que caso o cartório se negasse a efetuar o registro, acionávamos judicialmente e que é um processo rápido de aproximada mente 2 dias. Respirei aliviada. Para mais informações sobre o registro, também vale a pena visitar http://vilamamifera.com/cafemae/quando-e-mais-facil-parir-do-que-registrar/

Basicamente as minhas perguntas iniciais foram essas, mas como disse antes foi uma conversa gostosa e demorada onde obtive toda a confiança que eu precisava para continuar com a minha decisão de ter um parto domiciliar.

Só temos agora um obstáculo, juntar o dinheiro para bancar o nosso sonho. Não vou passar valores aqui, até porque cada profissional cobra o seu valor. Adianto que não é um valor absurdo, é algo que planejando no início da gravidez dá pra se organizar e pagar. É muito importante para quem deseja realmente ter um parto domiciliar começar a procurar desde cedo pra poder fazer um acompanhamento legal e também poder programar o pagamento. 
Lembro que o valor pago a doula e a parteira não são ressarcidos pelo plano de saúde o que eu considero um absurdo.

Como estava tendo uma alimentação muito restrita ou inexistente, perdi muita massa muscular (minhas pernas e braços parecem com que fez redução de estômago e perdeu muito peso), Ginny recomendou hidroginástica assim que o cirurgião me liberasse e também me deu algumas recomendações alimentares.

Resultado AMEI meu primeiro contato "real" por assim dizer, com o parto domiciliar.

Contato Ginny - https://www.facebook.com/regine.marton

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

6 - VBAC Completamente decidida



Após várias pesquisas sobre parto domiciliar e VBAC consegui entrar em contato com o RAMA https://www.facebook.com/rededeapoioamaternidadeativa?fref=ts para tentar descobrir maiores informações sobre parto domiciliar e contato com alguma parteira aqui de natal. No mesmo dia Ginny entrou em contato comigo (apesar de ser um domingo) e marcamos de conversar por telefone no outro dia para ela me passar maiores informações.

Fui dormir doida para que chegasse logo o outro dia para que eu tivesse as informações que tanto queria. Cada minuto que se passava eu me sentia mais próxima de conseguir o que eu queria... minha experiência com parto do jeito que eu imaginava que devia ser NATURAL.

Na segunda pela manhã esperei Paulo chegar do trabalho para ligarmos para Ginny. A conversa foi muito boa, e para quem tiver curiosidade sobre quem é ela segue um breve resumo: Regine Marton MS CNM Parteira certificada Norte Americana Mestrado em Obstetrícia pela Universidade de SUNY Stony Brook EUA, Acompanha mulheres em Parto Domiciliar em Natal na Região desde 2010 e é doula desde 1998, utiliza  os protocolos de atendmento ao PD das associcoes de Parteiras Norte Americacanas MANA e ACNM e as recomendacoes do MS Brasil. Após a conversa ela mandou um material dela para mim e marcamos de nos encontrar na quinta-feira (21/08). Na terça-feira fui a nova obstetra, estava com 7 dias de operada e doida pra saber se estava tudo bem com o bebê.

Na consulta levei todos os exames que tinha, cartão do pré-natal da gravidez anterior, o cartão atual, tudo. A médica confirmou o que eu já sabia, não havia indicação de cesárea para Beatriz. A consulta foi ótima, falei da minha vontade de ter um parto normal, possibilidade que ela não descartou, o que já considerei um grande avanço, ela monitorou o bebê e pude ouvir seu coraçãozinho o que achei maravilhoso. Foi detectada uma anemia, o que para mim não era nenhuma novidade já que eu havia passado os últimos 2 meses sem me alimentar, mas que seria facilmente tratada e a médica passou uma ultra, poderia ver o bebê e saber se estava bem. 

Chegou a quinta-feira, o encontro com a parteira aconteceria, será que pessoalmente nos daríamos bem? Será que o "meu santo" bateria com o dela? Isso tudo eu estava bem próxima de descobrir.

5 - O Renascimento do Parto


De molho em casa me recuperando da cirurgia, comecei a conversar com Paulo Cesar sobre parto normal e a minha decepção com o tratamento do meu obstetra e a vontade de realmente ter um parto normal. Ele então comentou comigo sobre o documentário"O RENASCIMENTO DO PARTO" e no outro dia assistimos. Aquilo abriu a minha mente e o que eu já desconfiava se tornou realidade, a cesárea de Beatriz havia sido totalmente desnecessária. Uma emergência que de emergência não teve nada.

Pronto, um novo obstetra era algo imprescindível. Comecei a pesquisar sobre parto normal e descobri que para ter o tão sonhado parto que eu queria teria que ter um parto domiciliar.

Paulo topou a ideia na hora mas acho que ele não acreditou muito no que eu tinha dito. Anunciei para a família a minha decisão e a minha avó achou maravilhoso na hora e me deu a maior força, afinal ela pariu 6 em casa.

Fomos dormir e no outro dia Paulo já amanheceu me perguntando se a ideia de parto domiciliar ainda estava de pé. Claro que estava e daquele momento em diante todo tempo que eu tinha ( e diga-se de passagem era muito) estava com meu smartphone em punho pesquisando sobre parto domiciliar e VBAC (Vaginal Birth After Cesarean).

Para mais informações sobre o documentário http://orenascimentodoparto.com.br/

4 - Eu sou chique e vou fazer a cirurgia

Naquela noite, às vésperas da cirurgia de vesícula, fui dormir com uma certeza, precisava trocar de obstetra.

Fiz a cirurgia, foi um sucesso, no mesmo dia quando cheguei do centro cirúrgico, tomei uma água de coco e a dor havia desaparecido. Eu estava em êxtase, nem acreditava que aquele pesadelo havia ficado para trás.

Passado o furacão de sofrimento comecei a refletir na piada que havia ouvido do meu obstetra. Quem me conhece sabe o quão cuidadosa eu sou com a minha gravidez, sou chata mesmo, acho ruim tomar até os remédios que o médico passa. Me alimento super corretamente, na gravidez de Ana Beatriz, só engordei 7KG. Aquele médico me acompanhava há 7 anos, ele me conhecia, sabia quem eu era, como eu me cuidava, o quão eu preservo o meu bebê. Jamais iria encarar um procedimento cirúrgico sem que houvesse real necessidade. Me lembrei que há poucos meses atrás havia saído uma notícia de um problema que havia ocorrido com o meu médico e que eu considerei uma fatalidade, defendi ele nas redes sociais com unhas e dentes. Fui atrás do relato da paciente dele e percebi que o que ele fez com ela foi bem semelhante ao que havia acontecido comigo. Em ambos os casos ele achou que o que relatávamos a ele era "manha", que não era tão ruim quanto pintávamos e não deu a devida atenção. Infelizmente a outra paciente teve sequelas maiores do que a minha. Se dependesse da atenção dele provavelmente eu chegaria em um ponto onde a cirurgia não seria mais possível e a gravidez também não devido ao meu estado físico tamanha era minha debilitação. 

Comecei a questionar a cesárea de Ana Beatriz, várias coisas começaram a passar pela minha cabeça e aí conversando com Paulo Cesar apareceu na minha vida "O RENASCIMENTO DO PARTO"

3 - E a vesícula me pegou

E começa o pré-natal.
Cheguei ao consultório do meu GO com uma dor de estômago terrível e muito mal estar. Ele não me examinou e atribuiu isso a uma virose, estranhei o fato de ele não ter me examinado mas tudo bem é uma virose e daqui a pouco eu vou melhorar.

Quando me dei conta já havia se passado 1 mês e nada de eu melhorar, muito pelo contrário, me sentia muito pior. Comecei a ter calafrios e me sentia febril. Resolvi que no outro dia pela manhã iria ao hospital pra ver o que estava acontecendo.

Ao chegar no hospital Deus colocou um anjo no meu caminho. Um médico extremamente atencioso, daqueles que é difícil de se encontrar. Ele me examinou da cabeça aos pés e já no exame ele disse que achava que era vesícula mas que solicitaria uma ultra e um exame de sangue para confirmar. Nessa hora meu coração veio na boca, crise de vesícula na gravidez era tudo que eu não queria. Fiz a bendita ultra e nela descobri que não tinha uma pedra na vesícula e sim uma pedreira completa. Quando fui mostrar o resultado ao médico, ele já havia ido embora e a médica que ficara no lugar dele meu Deus do céu, era inversamente proporcional a ele, simplesmente terrível. Cheguei em casa e já liguei para meu GO, ele disse que tava tudo bem e que controlaríamos com alimentação.

A essa altura, me alimentava de quase nada, perdia 1 kg por semana e não estava nada bem. Mamãe já estava na minha casa para me ajudar.

Passei a ir no GO a cada 2 semanas pois não me sentia nada bem. Ele me dizia que estava tudo bem, que nunca uma grávida dele tinha precisado se operar e que se eu não conseguia me alimentar deveria ir ao hospital tomar 2L de soro, que isso daria glicose para o bebê se alimentar.

Eu estava muito preocupada, com muita dor, vomitando feito uma louca, não conseguia mais sustentar nenhum tipo de alimento e ia ao hospital a cada 2 dias para tomar soro pois já estava desidratada. Meu marido coitado, companheiro fiel de hospital.

Um belo dia cheguei ao consultório do GO quase chorando de tão mal que eu me sentia. E o interessante disso tudo é perceber o quanto as pessoas perderam a capacidade de ouvir o que os outros dizem. Os médicos diziam isso é enjoo da gravidez e eu dizia, não isso não é enjoo, eu vomito de dor. Eu enjoei muito da minha primeira gravidez, eu sabia o que era enjoo. O que eu tinha era muita dor. Quando eu comia a dor era tão grande que eu não conseguia segurar a comida. A quantidade que eu tentava comer era ínfima e nem assim eu conseguia sustentar. Enfim cheguei ao consultório e a essa altura eu já havia emagrecido 9kg. O médico dizia que não estava preocupado com o meu peso, que se fosse preciso ele me internava para eu ficar no soro. Mamãe não aguentou e pediu a ele um encaminhamento para um cirurgião pois queria ouvir uma outra opinião. Ele então solicitou o parecer de um cirurgião geral. Saí de lá direto para o consultório do cirurgião e conseguimos um encaixe para o mesmo dia a noite. 
Pra resumir um pouco a história, depois de tentativas de melhoras com antibiótico, o cirurgião agendou a cirurgia para o outro dia a tarde.

Meu coração de mãe estava aflito mas eu tinha total consciência de que seria o melhor para mim e para o bebê pois eu já estava em um ponto onde tomar banho era muito esforço para mim. Cada dia que passava eu estava mais debilitada. Liguei para meu GO e disse que o cirurgião havia agendado a cirurgia para o outro dia, se havia alguma medicação para eu tomar ou cuidados pré ou pós cirúrgico. O que houvi foi uma piada "é você é chique e vai fazer a cirurgia, nenhuma grávida minha jamais precisou" e eu calmamente não dei resposta, não comentei com ninguém, me despedi e desliguei o telefone.

2- Descoberta de nova gravidez

Em maio desse ano precisei fazer uma viagem a Recife, já no último dia de viagem, uma dor de cabeça terrível me pegou em cheio, passei a madrugada acordada, a dor era insuportável. Como havia sido uma viagem muito estressante atribuímos a dor de cabeça foi atribuída a isso.

Voltamos a Natal mas nada de melhorar, resolvi ir no hospital, a médica do plantão, que diga-se de passagem deveria ter escolhido outra profissão, nem sequer me examinou, disse ser uma dor de cabeça tensional, receitou um relaxante muscular e um "sossega leão", tomei e saí do hospital ainda com a insuportável dor de cabeça.

Como sou confeiteira e tinha encomendas para entregar, dexei as dores de "lado" e comecei a trabalhar. Foi a encomenda mais demorada da minha vida, a essa altura estava com dor de estômago e a danada da dor de cabeça não passava. Chegou o dia da minha menstruação chegar e nem sinal dela. Todas as luzes se acenderam imediatamente, sou um reloginho não atraso de jeito nenhum. Como a encomenda era grande e eu não estava bem (trabalhava mais devagar) não tinha tempo pra ir fazer o teste. Liguei pro consultório do meu GO e pedi uma guia para fazer o BHCG. Meu marido foi buscar e no dia que entreguei a encomenda saí correndo pro laboratório pra realizar o teste embora eu já estivesse certa do resultado. Por coincidência nesse dia minha filha tinha amanhecido o dia chorando pedindo uma irmanzinha mas eu fiquei quieta pois não queria criar expectativas. No fim da tarde saiu o resultado, estava com minha filha em casa, meu marido havia saído e acessei o resultado pela internet. Quando ele chegou eu estava lívida, em desespero, chorando pois estava grávida e só pensava nos remédios que havia tomado antes de desconfiar e no hospital.

Meu marido me acalmou, chamamos Bia e fomos dar a tão esperada notícia, ela ficou muito feliz. Liguei para minha mãe avisando que iria jantar e não disse nada, quando descemos do carro minha filha já disse: " vovó eu vou ser a irmã mais velha". Minha família explodiu em alegria, mais um serzinho chegando repleto de amor. Liguei pro meu médico que me tranquilizou quanto aos medicamentos tomados e marcamos para começar o pré natal.

Desse estava decidida teria parto normal.


1- Como tudo começou

É muito interessante como em tão pouco tempo tanta coisa muda.

Vou começar me apresentando.
Me chamo Silvana, tenho 33 anos, sou casada há 12 anos com Paulo Cesar e mãe de Ana Beatriz uma linda princesa de 4 anos e estou grávida de 16 semanas.
Nunca me considerei ativista, feminista (pelo contrário, me acho até um pouco machista) sou apenas uma mulher comum com um enorme desejo de saber o que é PARIR.
Cheguei a conclusão de que se dependesse do meio obstétrico convencional, eu não conseguiria ter meu parto da maneira como desejo e por isso resolvi partir para um Parto Domiciliar Planejado.

A gravidez de Ana Beatriz

Em 2009 após 3 anos de sofrimento e muuuita dor, brigando contra uma endometriose teve fim a minha batalha, por coincidência, em pleno 07 de setembro fiz uma cirurgia laparoscópica que acabou com a minha dor. 
Problema resolvido, meu médico já havia me informado, que após a "limpeza" laparoscópica seria a melhor hora para eu engravidar caso eu pensasse nisso. 

Devo confessar que sempre quis ter filhos mas ano após ano adiava essa ideia pois tinha outras coisas como prioridade. Após o que o médico falou, conversei com meu marido e decidimos que havia chegado a hora, tomamos a decisão de que iríamos engravidar. Eu pedi a Deus apenas uma coisa após essa decisão, queria engravidar de maneira tranquila, sem a ansiedade de todo mês estar fazendo teste pra saber 'SERÁ QUE FOI AGORA?' na minha opinião nenhuma mulher merece passar por isso. Ficou acertado com o médico que em dezembro faria uma ultra para ver como estava a recuperação e ele me "liberaria" para engravidar. Em outubro foi meu aniversário de casamento, aniversário do meu marido e aí não preciso nem contar o resto da história. Quando cheguei ao médico em janeiro, com minha ultra na mão, já estava grávida.

Foi uma gravidez muito tranquila, desejada e esperada. Minha mãe, uma grande avó coruja, a espera da sua primeira neta não cabia dentro de si. Tudo corria da maneira esperada. 
Em todas as consultas com o meu GO eu dizia a ele da minha vontade de ter um parto normal, ele nunca disse que sim, mas também não dizia que não. Eu na minha inocência de mãe de primeira viagem acreditava que tudo estava correndo bem e eu teria o meu tão sonhado parto normal.

Aos 7 meses numa ultra de rotina, fui informada que estava com o líquido amniótico baixo, sai de lá desesperada e fui direto conversar com o meu GO. Ele uma pessoa muito tranquila e em quem eu confiava até de olhos fechados, me disse que estava tudo bem e que eu aumentasse a ingestão de água. Foi o que eu fiz, no trabalho brincavam comigo que mudariam o garrafão de água e a minha mesa para dentro do banheiro, porque levei a orientação do médico muito a sério e o dia era pequeno pra tomar tanta água. Quando estou grávida fico bem "cri cri" com minha alimentação e cuidados médicos. Devo a Bia o fato de ter abolido refrigerantes e café da minha dieta e ter aprendido a me alimentar corretamente, salada antes de Bia, na minha opinião, era coisa pra lagarta. Cheguei as 38 semanas de gestação tranquila e fui fazer uma bendita MONITORAGEM, até hoje estou chocada com o uso daquela corneta na barriga da gente, coitada da criança. A médica que fez o exame olhou para mim e disse que eu fosse imediatamente para o consultório do GO para ele ver o resultado. Saí de lá direto para a clínica, era uma sexta feira perto da hora do almoço. Quando ele me atendeu me disse o seguinte: pelo que vejo aqui parece que a bebê está laçada, sua gravidez até aqui transcorreu muito bem, vamos agendar logo uma cesárea para amanhã de manhã para garantir que tudo continuará bem. Pronto, estava com uma cesárea de emergência marcada para o dia 24/07/2010 as 06:00h da manhã. Saí da sala anestesiada completamente, a ideia de parto normal nem passava mais pela minha cabeça, tudo o que eu queria era que o outro dia chegasse e que minha filha nascesse bem.

O nascimento de Ana Beatriz

Após quase 4 horas de uma longa espera, sozinha, deitada quase que imóvel amarrada a um soro, na ante sala do centro cirúrgico enfim a minha espera iria acabar. Fui para o centro cirúrgico muito feliz pois teria minha princesa, com o meu marido me acompanhando, um médico a quem eu queria bem como se fosse da família e confiava muito. O clima no centro cirúrgico era ótimo, todos riam, brincavam, conversávamos e então lá vamos nós...
Na hora em que o médico cortou minha barriga, Ana Beatriz subiu até debaixo das minhas costelas, se é uma reação comum não sei, mas a sensação que me dava era como se ela quisesse se esconder. Após algum tempo ouço a médica assistente dizer ao meu médico "Ela não quer sair" e todos ríamos. Na época achei muito engraçado, a minha filha não devia estar achando nenhum pouco engraçado. Ela se segurava no útero, depois no cordão umbilical e enfim conseguiram arrancá-la para fora de mim. Me mostraram ela muito rapidamente e todos os procedimentos de rotina se iniciaram. Para mim e para meu marido,aquilo era o "normal" a se fazer. Meu marido seguiu então minha filha até a área aonde deram banho nela e apresentaram a família. Logo em seguida fui para a sala de recuperação e trouxeram Bia para mamar. Ela já pegou meu peito com toda ferocidade e começou a sugar.
Ao contrário de muitas pessoas, tive uma excelente experiência com a cesárea. Tive uma recuperação muito rápida, indolor, mamãe dizia que nem parecia que tinha feito cirurgia, com 24h tive alta. Minha filha nasceu saudável e eu estava muito feliz. A felicidade da ignorância.