terça-feira, 26 de agosto de 2014

9 - Preparada para a guerra?



É muito interessante perceber que para ter o parto normal que tanto quero ter, tenho que estar preparada para uma guerra. Pelo menos essa é a sensação que eu tenho.

A primeira batalha já é encontrar um obstetra que respeite a sua decisão. Na saúde privada, quando você diz que quer um parto normal, o obstetra já olha pra você com cara de "Tá louca?" e se for no SUS aí uma série de problemas se desenrolam, desde o acompanhamento do pré-natal até a garantia de acompanhante na hora do parto e, no meu caso que tenho uma cesárea anterior, vira missão impossível
Ter um parto normal sem intervenções desnecessárias é coisa quase impossível tanto no SUS quanto na rede privada. 
 Ou seja, encontrar alguém em quem você confie é quase uma peregrinação e, após encontrar um obstetra que não descarte a possibilidade do que você quer logo de cara, temos que estar alertas em todo tempo para não deixar o sistema de nascimento de bebês em série nos engolir e sermos enganadas novamente. Para isso só tem uma solução INFORMAÇÃO. A nossa maior aliada para evitar que uma cesária desnecessária nos seja empurrada goela abaixo. 

Junto com toda essa informação vem também a nossa segunda batalha. Quanto mais a gente pesquisa, lê, estuda, mais a gente se depara com casos de violência obstétrica. Algumas vezes o pavor quer tomar conta da gente, outras vezes a revolta toma conta por nos sentirmos totalmente impotentes, e muitas vezes um misto de emoções toma conta.

Vem então a terceira batalha, as pessoas ao nosso redor. São amigos, familiares, as pessoas mais próximas, que se aproximam de você e de maneira consciente ou não, tentam minar a sua confiança. Quando você começa a divulgar a sua escolha de um parto domiciliar as pessoas olham para você como se você fosse um extraterrestre. Após essa olhada a pergunta que vem no automático logo em seguida é:

E você vai aguentar a dor? Porque parto normal dói demais!
Aí você olha pra figura e pergunta: Seu parto foi normal? A resposta quase sempre é NÃO. Se você não teve parto normal, como você sabe se dói ou não?
Que novidade é essa? Você também vai aderir a essa "modinha" é?
Porque agora querer parir de maneira natural, como nunca deveria ter deixado de ser, é moda.
Você é louca? Parir pra mim só perto de uma UTI, porque aconteceu um caso com fulana ou então com a vizinha de ciclana... (e sempre o caso é negativo e fatídico)

Aí vem a quarta peleja, contra o esteriótipo. Alguém definiu, vai se saber quem, que parir em casa ou querer parto normal é coisa de hippie, de rico, de irresponsável, de masoquista ou como eu vi no relato de um médico essa semana, coisa de xiita.
Eu também tinha em mente antes de começar toda essa minha busca, que parir em casa ou era pra gente rica, com toda uma estrutura preparada e ambulância parada na porta ou então pra galera hippie paz e amor (nada contra os hippies tá galera rsrsrsr), que faz meditação, etc. Na minha cabeça era totalmente possível ter uma parto normal, natural e humanizado em um hospital. Portanto, se era possível o que eu queria no hospital, com o plano de saúde pagando por tudo, porque não? Doce  ilusão.

Então, se você assim como eu, pretende exigir o seu direito de ter um parto natural e mais ainda domiciliar, esteja preparada. Há todo um movimento contra que teremos que vencer. 
Mas, existe uma palavrinha nova que aprendi nesse caminho, EMPODERAMENTO. Se estivermos empoderadas, bem informadas e certas do que queremos, nada poderá nos impedir. 








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